quinta-feira, 23 de junho de 2011

Estado Dissociativo (ou Sono paradoxal)

Diga-me, que é tudo mentira! Que este mundo que enxergo é apenas o vislumbre de um sonho! Por favor, atestem-me, provem-me, mostrem-me algum fato, para que nele eu me prenda, e, razoavelmente, acredite!
Talvez, eu seja outra, e, noutro plano, noutro mundo, noutra realidade, seja diferente deste agora que me atormenta!
Deus, misericórdia? Fale-me, grite-me, escreva com letras grandes na parede para que eu entenda, que este mundo não existe, que é uma ilusão criada pela minha mente idiota!
Mas você, acorde-me, belisque-me, se possível, sacuda-me, mas desperte-me deste sonho tolo, deste pesadelo interminável que me atormenta o juízo, e definha minha razão, quase submetendo-me à loucura!
Não quero mais, não quero este devaneio... Não quero estes dias compridos, não quero esta falta de defesa... Não quero esta tristeza enraizada, que não me deixa NUNCA!

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Citações:

Sombra de névoa tenue e esvaecida,
E que destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...

Disseram-me hoje, assim, ao ver-me triste:
"Parce Sexta-Feira de paixão.
Sempre a cismar, cismar de olhos no chão,
Sempre a pensar na dor que não existe...
O que é que tem?! Tão nova e sempre triste!
Faça por estar contente! Pois então?!..."
(Trechos dos poemas "Eu" e "Impossível", da Florbela Espanca.)

domingo, 5 de junho de 2011

Outline of a typical Sunday


Repassando o que parece bobagem, nessa manhã cinzenta de domingo que Deus desenhou.
E parece tão acre o sabor do vento das 10,
que o corpo se enche de um repugnante arrepio, relembrando o gosto insano da melancolia.
Silêncio esparso de um dia falido, tendendo ao vazio caótico que preenche as vésperas de fim. E logo ali adiante, as marcas invisíveis dos medos que assombram a humanidade destoam-se do cinzento do asfalto.
Tristeza contida, empoçada num canto profundo da alma... Emana dos olhos cristalizados, como o resquício luminoso de uma explosão interna. Não, não é tão rutilante, mas reflete como luz que atravessa um prisma.
Mais um domingo que se arrasta a pulso, querendo findar, tentando transpor a barreira da ordem que comanda o universo. Mais uma semana que espera romper-se a aurora do dia que vem. E então esqueceremos os medos, frustrações e vontades, e nos atiraremos à luta que nos espera adiante.
Mas, olhamos à frente, com a saudade abastecida: Sempre cismando os passados com arrependimentos ressequidos.

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Lines of the gray days...
Those i love,
and
drawing my considerations...
My conspicuous desires are equal to the features
of these tedious and wonderful days.
Silence is my conforting haven,
and the Solitude
my sincere wish.