terça-feira, 21 de julho de 2009

Anástrofe (Sujeitos ou recital desastroso)


Antes de Tu,
um EU medroso,
sujeito oblíquo, dissimulado,
poeta de si mesmo,
e coadjuvante de textos ensaiados
sem capacidade de objetivações...
Palavras sem nexo,
rimas suaves, sem muito delírio...
O verbo,
esse baila entre os sujeitos,
emendando, recortando
parece até o destino...
Talvez seja, se no futuro do presente,
ou até o instante que se sai do caminho...
Daí em diante,
é futuro mais que perfeito,
querer absoluto!!!
No subjuntivo, orações subordinadas
à graça,
às causas,
aos acasos...
As indeterminações do sujeito EU,
devem ser procedidas de vírgulas,
muitas delas a concentrar sentidos,
na hipótese de ambiguidades,
ou dúvidas metafórias...
Mas, os objetos das orações são livres...
E são infinitos!!!
Traduzem as desinências do Eu,
montam na poesia,
alvos dinâmicos,
quase sempre musicalizados...
Acentos,
relevantes gráficos,
sentimentos desesperados,
da fonética aguda
e inaugural...
Sinestesia, depois da prova concreta,
do rascunho riscado Concolours,
do gosto da tua fala bem provado...



domingo, 19 de julho de 2009

Fuga...

Não há rota de fuga, não há!!!
Meus defeitos riem de mim...
Meu contraste com o espelho mora
na dúvida de amar...
Os sorrisos que se estampam reluzentes de alegria,
se perdem nas noites e no escuro...
Existem verdades não ditas,
existem palavras como foices,
existem dúvidas cada vez mais constantes...
Se meu poema é um prolongamento
do ser,
tem defeitos imensos,
Lodo imundo da dor...
Minha voz se cala,
pro silêncio pensado falar...
com poesia!
Mas na verdade o que eu quero é compreender,
porque o coração tem que doer,
sempre que a proximidade ameaça ficar...
Não tenho tanta idéia assim,
pois na mente, só ecoam acordes,
esparços, conectados em seguir o tom...
Daquela música espontanea que da cabeça não quer sumir...
E meu choro inquieto, vão,
ameaça desatar tantas coisas...
Traz a tona as simples palavras, o abraço...
Mas não quero ressussitar nostalgias,
quero apenas entender e resolver,
minhas pendencias inúteis...
Meu espelho inqueridor,
meus defeitos estampados na cara,
minha inconstância, instabilidade
dizem verdades doloridas...
Não há uma rota de fuga,
não há!!!
Não sei como sair pela tangente...
Não tenho respostas inteligentes, ou desculpas cabíveis pata "tirar o corpo fora"...
Nem mesmo forças, eu diria...

quarta-feira, 15 de julho de 2009

(in)defesa


Tenho tantos medos...
De me envolver,
de deixar qualquer olhar penetrar mais profundo,
que o poço escuro da pálpebra móvel...
Tenho a mania de desviar o coração,
esquivando-o a cada investida...
E tranco-me,
escondo-me atrás de muros altos...
Prendo-me em torres de castelos de pedras...
Fecho portas, coloco correntes,
expulso aos gritos todo sentimento (diga-se paixão) que venha a querer "parasitar" meu ser...
Mas não sou imune,
e muros se derrubam...
Às vezes, por uma frestinha que seja,
o amor adentra feito luz,
e se espalha...
Cobre toda a superfície escura e vazia,
e aquece o coração...
Teu olhar bateu fundo,
preencheu de verde as paredes monótonas da minha poética trancada...
Agora,
esforço-me a reorganizar minhas defesas,
Mas já não tenho tanta força
ou vontade...
Agora, e somente agora,
quero só você...
Isso é contra meus princípios!

sábado, 11 de julho de 2009

Chuva


Hoje não choveu!
Eu acordei, e vi a luz do sol pelo vitrô... Era uma luz forte, dessas que esquentam as pestanas adormecidas ainda, sonhando...
O céu estava normal, e a rua inquieta...Meus passos apressados, levaram-me aonde pretendia...
Aí, caiu aquele chuvisco fino, que não molha, que só faz cócegas nas bochechas...
Mas eu queria chuva...
Queria que o céu estivesse cinza-grafite, quase negro...Da cor de asfalto mole.
Queria todas as nuvens pesadas, a derramar caudalosamente, uma chuva demorada...Dessas feito tempestade...Dessas que fazem barulho alto, que molham todas as árvores, e derrubam as folhas dos galhos...
Dentro de mim, chove muito,
mas minhas lágrimas não podem molhar toda a humanidade... Nem ao menos meu próprio peito!
Hoje não choveu,
embora tenha pedido pela chuva;
o frio aguado, cortante,
agente de cachecóis e luvas...
Eu ia sair com minha poética nua,
toda descoberta ela,
ia deixar ela na chuva, embaixo do céu-noite escura...
Ia deixar ela tomando neblina, ficando da cor de seda alva...
Minha poética morena...toda molhada estaria...
Mas hoje não choveu,
e minha poética está intacta...
Orvalhada, só,
pelo chuvisco do céu prata,
inundada pelos raios claros do céu cansado...
Não choveu hoje, não choveu...
Amanhã, não quero chuva... Quero que a poética não acorde!!!

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Diferenciação...


Quero abrir o coração,
e extravasar as coisas que tem dentro...
Dissecar os nomes que me assombram,
e entender as razões, e as noções...
Essências, não são cheiros,
não são sabores...
São ventos inquietos,
que sacodem flores...
Despetalam sentidos,
e polinizam sentimentos...
Queria vomitar todas as borboletas que hoje casulam (adormecidas) em meu estômago... Quietas todas elas,
mortas!!!
E então, encher a barriga de cheiro de narcisos,
de vegetação, de rios...
Nada de nuvens, e borboletas...
Nada de óculos coloridos que camuflem realidades...
Sim, queria estourar o coração,
revesti-o de lignina,
até que as células romanescas morressem...
Queria produzir bastante súber,
rebocar com concreto as paredes moles do coração,
deixar os aurículos estáveis,
a pressão cautelosa...
Queria controlar certas coisas,
e ainda vestir de armaduras os olhos,
o tato,
as sensações de vontade, de desejo,
de saudade...
Prevenir a poesia de romances...

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Sobre a gruta da Lapa doce / Solidão Silenciosa

Lá, o silêncio ecoava retumbante,
misturando-se à escuridão plena...
Abri os olhos,
e ainda era como se estivessem fechados,
pois não havia um limite do campo de visão...
Havia só a imensidão negra,
mergulhada naquele som aterrador
do silêncio...
Era como se eu voasse,
longe do limite espaço-tempo...
Pairava sobre o nada,
como no início de tudo...
Ali,
não havia mais corpo,
visão, audição, tato...
Era um só ser pensamento,
e apenas minha voz sussurrava à escuridão...
Mas não era bem uma voz,
era a mente,
entalhada naquelas paredes grossas a muitos metros abaixo da terra...
Se se prestasse bastante atenção podia-se ouvir os pensamentos dos outros
até os que ali entraram a muito tempo atrás...
E a caverna, dialogava comigo,
em sua milenar existência,
contra meus paradoxos infantis,
e orgulhos facilmente crucificáveis...
Ela era plena senhora de si,
eu era anjo teimoso,
encurralado em minhas pretensões de vôo...
Me ensinou sobre noções,
sobre sentimentos, sobre essências...
Mostrou-me que meu coração pode ser livre,
longe da poesia...
Que eu também posso ser plena...
Não tive porventura, medo do escuro
ou do silêncio mais puro que já ouvi na vida...
Tive medo de mim,então,
dos meus medos,
e da forma como poderia quebrar a plenitude,
com um simples grito...
Aí, sumiram-se os amores,
as dores, os medos bobos,
as inconsequências...
E, quando novamente a luz
do simples candeeiro à gás se acendeu,
pude ir à frente,
novamente limitada pelo corpo,
pelas sensações...
Todas as coisas ficaram para trás na solidão eterna...
E eu,
Retornei nova, e mais vazia,
No meu coração,
só a plenitude do silêncio e da escuridão...
-----X-----X-----X-----X-----
Meu coração,
essa gruta fortemente escavada pelas coisas da vida.
Não ouso criar ecos infames dentro de suas paredes,
teimo dar luz,
vida,
tento inundar sua solidão...
Mas isso não é válido,
pois no escuro,
a mente voa,
a mente desprende-se...
Lá no coração escuro,
tudo flui silenciosamente,
tudo apenas existe inundado de um vento fresco...
Minha gruta-coração, solidão silenciosa...

PS: Olá, meus queridos leitores persistentes... Gostaria de escrever-lhes tão profundamente, quanto senti lá dentro...Mas é algo tão pleno, tão intenso, que minhas poucas palavras, não conseguiram refletir... Sinto muito... (A gruta da lapa doce fica em lençóis-BA, e em algum momento da excursão, o guia desliga o candeeiro, e os visitantes podem sentir, a escuridão total, e o silêncio profundo...)

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Diálogo


Garoto: Você não pode passar a vida toda assim...

Garota: (fitando a praia) Tá vendo esta concha? Pois bem, se eu deixá-la cair no mar, ela vai imergir, até encontar o fundo... O mais legal, é que o rio vai trazer pequenas partículas de rochas que sofreram algum tipo de intempérie... Com o tempo, bem lentamente, a concha será soterrada, e haverá a diagênese... A concha, e todo o sedimento abaixo dela, vão sofrer influencias da pressão confinante, e se tornarão uma pedra... A concha intrudida na pedra de areia... Sabe, o que eu sinto é como esta concha na minha mão... Posso atirá-la o mais longe que puder no mar... Ela vai afundar, e vir a ser uma pedra...

Garoto: Eu não entendo...

Garota: Não precisa, eu já tomei minha decisão... Tem certas coisas, que não adianta insistir... A concha é frágil, e rapidamente se espatifaria... Depois seus pedaços seriam disperços... Adeus concha... (atira-a no mar)


O garoto olha-a com dois olhos entristecidos... Ela continua a fitar o mar pensativa, e percebe que sua concha perdeu-se na imensidão azul. Não há como retornar ao passado, ou ainda, controlar os processos de sedimentação. O Garoto abaixa o olhar, e vê as inúmeros estilhaços de conchinhas no chão... Talvez, tenham sidos despedaçados por uma garota de cabelos esvoaçantes, ou tenham se quebrado com a fúria do mar... Talvez sido atiradas contra pedras, barcos... Outras tantas, devem estar depositadas no fundo do mar... Não se sabe, não se saberá...

Ele olha para o mar, agora bastante aliviado...

A garota ao lado mantém-se calada, e vê-o se afastar... O beijo salgado da maresia, rouba-lhe uma lágrima do olhar decidido, que aos poucos começa a ruir...

A concha faz falta em seu pescoço, e agora, não pode controlar o destino do sentimento... Depende de fatores que não conhece direito, até que o que sente fossilize, e seja apenas uma lembrança esquecida em sua mente vigorosa...

Então, passa a caminhar, e cantarolar uma música decorada, entoada tantas vezes...

A distância entre os dois aumenta, à medida que se vão por caminhos opostos...

Nenhum deles atreve-se a olhar para trás...

Sem título

Nem sempre se tem inspiração...
Às vezes, a gente espreme, torce o coração pra enxugá-lo das palavras,
e no fim das contas,
era só sangue...
Nada poético,
nada que alivie as inconstâncias,
as preocupações,
a ânsia antropofágica de poesia fervente
ainda borbulhando,
e que queima, que machuca,
que enfia o dedo na ferida infectada,
e ainda ri dos medos...
Nessas tantas vezes,
que me encontro frente à folha vazia,
como um espelho,
um reflexo de mim,
espaços brancos,
entelinhas invisíveis,
admiráveis mudas palavras
escorrem derretidas,
até ensopar meus dedos dessa semântica aguada...
Semi-preenchida de nadas,
é apenas uma folha intacta,
sem inspiração,
sem blues,
sem corações nos cantos da página...
Só há a angústia devidamente calada,
da sensação do frio,
das mãos congelando inertes,
da mente estacionária,
do coração que parece parado,
feito quartzo transparente...
Poesia incolor de inspiração dormente,
amortecida pelos meus olhos cansados...
PS: o título : SEM TÍTULO é realmente o nome do texto...rsrsrsrs...