quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Se todos esses maus presságios dissipassem do peito,
talvez fosse mais fácil viver com a solidão,
ou com a amargura,
ou com o desespero...
Mas, parece improvável, fadada que sou ao fracasso,
permanecer com os sentidos inertes,
enquanto correm os fatos...
Fico assim, então, 
à espera de qualquer debilidade do destino,
que condene meu tão franzino futuro próximo,
a um sofrimento mínimo.
Encho-me de niilismos, de poemas soltos, e vontades tolas:
Alguém ouça meu grito,
me acerte em cheio no peito,
me tire deste mundo!

domingo, 24 de julho de 2011

Ando tão a flor da pele...


Farta dessas vidinhas tolas que somos obrigados a viver, dia após dia,
indo desperdiçar as esperanças em romances alheios de televisão,
ou afogando-nos em romantismos líricos de músicas melosas!
Farta de encher a boca d'água com os amores dos outros,
que parecem bem sucedidos... Farta de desperdiçar os meus por serem efêmeros...
Talvez o destino me queira absolutamente só,
a sonhar amores eternos e tecer poemas tristonhos...

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Estado Dissociativo (ou Sono paradoxal)

Diga-me, que é tudo mentira! Que este mundo que enxergo é apenas o vislumbre de um sonho! Por favor, atestem-me, provem-me, mostrem-me algum fato, para que nele eu me prenda, e, razoavelmente, acredite!
Talvez, eu seja outra, e, noutro plano, noutro mundo, noutra realidade, seja diferente deste agora que me atormenta!
Deus, misericórdia? Fale-me, grite-me, escreva com letras grandes na parede para que eu entenda, que este mundo não existe, que é uma ilusão criada pela minha mente idiota!
Mas você, acorde-me, belisque-me, se possível, sacuda-me, mas desperte-me deste sonho tolo, deste pesadelo interminável que me atormenta o juízo, e definha minha razão, quase submetendo-me à loucura!
Não quero mais, não quero este devaneio... Não quero estes dias compridos, não quero esta falta de defesa... Não quero esta tristeza enraizada, que não me deixa NUNCA!

---x---X---x---
Citações:

Sombra de névoa tenue e esvaecida,
E que destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...

Disseram-me hoje, assim, ao ver-me triste:
"Parce Sexta-Feira de paixão.
Sempre a cismar, cismar de olhos no chão,
Sempre a pensar na dor que não existe...
O que é que tem?! Tão nova e sempre triste!
Faça por estar contente! Pois então?!..."
(Trechos dos poemas "Eu" e "Impossível", da Florbela Espanca.)

domingo, 5 de junho de 2011

Outline of a typical Sunday


Repassando o que parece bobagem, nessa manhã cinzenta de domingo que Deus desenhou.
E parece tão acre o sabor do vento das 10,
que o corpo se enche de um repugnante arrepio, relembrando o gosto insano da melancolia.
Silêncio esparso de um dia falido, tendendo ao vazio caótico que preenche as vésperas de fim. E logo ali adiante, as marcas invisíveis dos medos que assombram a humanidade destoam-se do cinzento do asfalto.
Tristeza contida, empoçada num canto profundo da alma... Emana dos olhos cristalizados, como o resquício luminoso de uma explosão interna. Não, não é tão rutilante, mas reflete como luz que atravessa um prisma.
Mais um domingo que se arrasta a pulso, querendo findar, tentando transpor a barreira da ordem que comanda o universo. Mais uma semana que espera romper-se a aurora do dia que vem. E então esqueceremos os medos, frustrações e vontades, e nos atiraremos à luta que nos espera adiante.
Mas, olhamos à frente, com a saudade abastecida: Sempre cismando os passados com arrependimentos ressequidos.

---x---X---x---

Lines of the gray days...
Those i love,
and
drawing my considerations...
My conspicuous desires are equal to the features
of these tedious and wonderful days.
Silence is my conforting haven,
and the Solitude
my sincere wish.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Dois ponto um, e quatro dias!


-estou cansada dos dias,
como se suportasse nas costas o peso de longos e intermináveis anos,
e como se os viesse vivendo a muito tempo...
Não aguento a juventude que se fortalece,
nem a velhice que grita de dentro de mim, reclamando sua hora.
Estou cansada do peso do mundo, que só quer meu colo,
e se prende às minhas costas! Estou calejada de tanto caminhar, sem encontrar horizontes!
Espero o fim, e um simples epitáfio, apenas.
O último momento das dores,


---x---X---x---

Mais um Aniversário pra mim...

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Too late...


Os tropeços pareciam dádivas, ao se enxergar o mundo da ótica do caído,
já que havia a imperante certeza que logo, de pé, caminharíamos rumo ao objeto desejado.
E não desejávamos, senão, falar mais do que sabíamos,
e desiderar às coisas nomes próprios,
oriundos da necessidade de refletí-las para fora do nosso imaginário.
Não tínhamos o vocabulário que hoje possuímos, e nem utilizamos,
preferindo repetir, como papagaios, palavras pré-fabricadas sem nenhum encanto.
E não tínhamos medo, pois não sabíamos o que era futuro,
nem tínhamos ideia do que havia no passado. Antes, contentávamo-nos em adquirir urgentemente tudo o que desejávamos, empregando todo e qualquer esforço que tivéssemos para fazê-lo!
E quantas vezes, choramos com toda sinceridade,
de saudade, ou fome... Mas não sentíamos dor!
Não essa física, que nos acometia quando nos machucávamos, mas esta que conhecemos depois:
a que dilacera as almas maduras, até que sangrem.
Antes, o sono era o principal inimigo, roubando-nos a experiência da consciência alerta!
Talvez, com o tempo passando, e retirando de nós, toda a surpresa com o mundo,
e pior: o encanto e a ingenuidade, tornamo-nos os responsáveis que agora somos. Imersos no mundo de comodismo que nos é apregoado religiosamente, alienando-nos deliberadamente de nós mesmos.
E, perdemos a espontaneidade, e o desejo puro de conquistar o que nos é mistério.
Não sou mais a criança que fui, e é certo que nunca mais terei um décimo desta ingenuidade. Vejo-me afogada nas frustrações que permeiam a vida adulta, quando, inserimo-nos no mundo que nos esperava ávido de fome!
Somos tragados pelo sistema, nos entregamos aos prazeres viciantes, e passamos a viver, reconsiderando passados, e tecendo futuros com agulhas imaginárias. Perdemo-nos do presente.
E eu que sonhava em ser adulta, hoje quase esqueço-me da criança que fui!

sábado, 23 de abril de 2011

Vinícius de Moraes me entenderia...


"...e tenho tudo para ser feliz, Mas acontece que sou triste."
(Vinícius de Moraes)

E não haveria soneto no mundo, que explicasse meu pranto, se quisesse de alguma forma fazê-lo. Porque a dor que me cabe, só eu a conheço, e ninguém mais que se arrisque pode entendê-la.
E se amar sozinha a tristeza, e desejá-la como parte de mim for loucura, que me permitam ser, pois me completo.
Porque só me conheço com a velha tristeza dos românticos poetas mortos.


E que me deixem pesar,
e chorar sozinha em silêncio.
E que me deixem sofrer, com as amarguras que não tenho.
Sempre triste, e ninguém vê...
Pois a dor que me acomete, não é deste mundo,
ou deste tempo: Arraigada eternamente à alma dos poetas.

sábado, 12 de março de 2011

Ideias noturnas


Não vês, que a noite chega, e o dia se finda?
Torna-se escuro o dia, com suas verdades maquiadas por luz.
Abrem-se os portais para os medos,
E as angústias vão beirar os sonos.
Os olhos que cansados espreitam o escuro,
Temem enxergar os monstros.
Mas monstros não existem, na realidade imóvel.
Nesta dimensão falida em que vivemos,
Possuindo medos como a putas.
Nem contos de fadas, são reais como imaginas.
Não há história que perpasse o plano imaginário, e venha ocorrer,
Como dizem os livros.
O que vemos, é a angustiante vida enveredada por escolhas.
Mas, não chores, nem te preocupes.
Ser um organismo, é mais fácil do que imaginas.
Durma, durma.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Conto Narrador-Personagem na terceira pessoa [5]


" E o meu, poesia de cego, você não pode ver..."

Por mais que tentasse falar, mantinha-se calada, enquanto fitava a parede vazia.
Esta era a sua única companhia ultimamente, e daí?
Não entendia a necessidade que vinha de dentro de dizer que não estava sozinha,
que tinha a si mesma como companhia, e não precisava da parede branca, só para desaforar.
No entanto, era verdade que toda a dialética muda da poética parede inerte a inebriava.
Era comum ver-se concentrada na expansão do vazio que a fitava, branco e infinito do plano da parede.
- Eu não estou sozinha, porque o teu vazio me absorve, e me enche de uma solidão branca consentida. Aí então, eu me vejo parada, sendo o que és, e a partir deste momento, passamos a existir como um algo único e infinito. Somos parte de um todo dinâmico, que quase não existe, porque se baseia em vazios. Deixamos de ser, e passamos a coexistir com a não existência. Tornamo-nos nada, e o que não existe, não é só!
A parede convenceu-se, e deixou de arrogá-la. Tornou-se mais silenciosa que antes, deixando a moça em companhia do próprio silêncio.
A partir daí, do desprezo que começou a receber da parede, tornou-se dolorosamente só!

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Com Requintes de Crueldade


E sereno, o amor adentra os peitos,
sem consentimentos,
e passa a coexistir com os medos, sonhos, rancores...

Molda-se, pinta-se, torna-se parte da carne mole e doce.
Vasculariza-se, enche-se de sangue arroxeado.
Pulsa, envereda-se por poemas consagrados,
e faz de si
poesia andante, viva e eficaz.

Parece verdade requerida,
vontade suplicada,
mas não,
é engodo e desafio ingrato.

O Amor se contenta, e se enche.
Depois, se vai, como veio,
sem pressa,
e sem rumo.

Deixa cá, o vazio, a falta,
e pior:
o costume.

Mas, há quem viva sem a 5 ª cavidade preenchida,
e ainda, os que de remédios se valem para curar a dor da ferida aberta de sangue estancado.

Não importa!

Sei que as reais intenções, são mascaradas pelos sintomas febris.

domingo, 23 de janeiro de 2011

_Homo social_


As têmperas desgastadas, exibem uma clara cor sem ternura. Todo o rosto parece imerso numa expressão contínua de nojo. Totalmente sem marcas, sem rugas, os olhos fixam-se sempre à frente, sem espanto. Vivendo esporadicamente, como quem dormita, este humano (que somos todos nós) não espera. Adianta-se sempre, com os passos apressados a caçar segundos. Atravessa horizontes sem nem se dar conta do que fica para trás, ou do que é atropelado pelo caminho. Pudera então, ser nomeado cego!
  Repleto de escárnio,  despeja-o sobre os outros, sempre sucinto, sempre inerme. Envaidece-se, de seu rosto sob medida. A massa corrida aguada, moldada meio quadrada, com os vértices a escorrer no pescoço como suor. O lado, rente ao mistério que há por baixo, é desgastado pelos dias encarados de frente.
  E cada dia mais sem aspecto, o semblante morto, exibe a indiferença.
 Humanos de máscaras, perdidos, vagam através dos caminhos, cambaleantes. Encontram tantos outros desconhecidos também vestidos com as ditas máscaras engenhosas. Traçam rotas, designam paradigmas...
  Por fim, crêem com plena convicção, na veracidade da ilusão que criaram.
Até que ponto há uma verdade, de fato, por trás da máscara tão perfeitamente colocada?

domingo, 16 de janeiro de 2011

Compreensões sobre a reconstrução

Na casa das borboletas, mora uma vontade. Dessas absurdas, cheias de asas, e quase sem corpo. Colorida como a cor das florestas em flor.
Nasce da necessidade de ser. Ser algo mais que um mero espectro, programado pela natureza-mãe, para agir com o instinto. Talvez o instinto seja uma arma contra a natureza furiosa e perigosa, que impõe aos indivíduos um duelo invisível contra mundo que há fora.
Desenvolve-se como casulo, capa extrínseca, que recobre o metamorfoseante. O casulo demora uma eternidade, já que aprimora, perfeitamente, as qualidades do indivíduo. E este, apenas existe, enquanto o mundo exterior o declara falido. Ele embola-se num desespero inconsciente e cego, moldando uma aparência externa que o proteja de qualquer ambição alheia. Esconde-se.
Volta a um mundo "uterino", e conecta-se ao cosmos por um cordão umbilical imaginário.
Desfalece as pretensões de dor, e envolve-se num processo de RECONSTRUÇÃO.
Depois, um estalo praticamente inaudível, denuncia o parto que se estabelecerá. Durante um período relativamente longo de tempo, o indivíduo rasga a própria capa, para libertar o que ainda é um mistério até para si mesmo. Por muito tempo, permaneceu imerso em sua vontade, mas não tinha conhecimento da mudança que se apresentaria a si mesmo.
As asas esvaem-se como um vento colorido. Abrem-se para o mundo, como um arco-íris para a calmaria. Demora-se a reconhecer-se, como si mesmo. Mas, como presente, o céu.
O céu da terra, com todos os seus perigos, e feixes de luz. O aconchego das flores perfumadas, esperando apenas polinização.
A borboleta deixa de ser vontade, para ser agente de si mesmo. Sendo, conhece o mundo que a cerca, podendo observá-lo de uma ótica privilegiada: a do personagem dinâmico. O que se movimenta pelos caminhos, sem medo; o que destoa-se do resto, por ser belo; do que aventura-se, muitas vezes entregando a própria vida como garantia.
Mas, se vale a pena, ela não sabe. Anima-se com a idéia de viver, para ver (e ter, em algum momento, a resposta para os mistérios...)...

PS: o texto ficou muito filosófico, com um tom de auto-ajuda, mas, garanto que é muito mais que isso...


Créditos da imagem:
Quadro do artista Lucas Santana.
para conhecer mais do trabalho do artista, clique AQUI.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Machine Humans



Máquinas maníacas mostrando rumos,
E nós, manipulados por desesperos e propagandas,
Nos desenfreamos pelo caminho indicado, sem receios.
Sem questionamentos, categorizamos as coisas que vemos.
Enchemos as línguas com palavras sem sentido,
E os olhos com os conformismos baratos das convenções sociais imortais.
Dirigidos, manipulados,
Cada dia mais marginalizados da humanidade que nos nomeia, mentirosamente.
E com a hipocrisia a desenhar os sorrisos nas caras,
Levamos as ilusões adiante.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Os meus destinos, e os 'EUs


  A gente acaba indo embora, porque esperar o Destino é bobagem. A gente se perde no tempo: quando vê, é hora avançada no relógio, e ele não chega. Aí, olhamos pro alto, está escurecendo. O dia quase dizendo Adeus, vestido em tons de vermelho. A gente corre. Corre pra não ficar no escuro. Corre pra não perder mais nada do tempo que quase possuímos, mas em regra geral, não temos.
  Vamos embora com a sensação de: e se ele foi? Se minha impaciência impediu-me de encontrá-lo? Permanecemos na dúvida, enquanto vamos, e quase chegamos a sentir fisicamente a dor de nos culparmos pelo atraso do Destino. Queremos tocá-lo, apalpá-lo com vontade para sentir a Realidade.
  Somos tão tolos, pois, não sabemos até o instante que vivemos, que aquele que viverá o Destino esperado no instante em que o esperamos, é o outro que seremos dali à frente.
  E assim, prosseguimos sem saber, no final das contas, nada do que deveríamos, sempre perdendo tempo ao esperar o Destino, neste presente que não é a realidade do ansiado. Prosseguimos sem saber, pois sempre o mesmo que somos, é o que descobrirá à frente que o Destino só chega atrasado, e quando não é esperado
  Mas quando chega, somos tolos o suficiente para não notá-lo. Já estamos, novamente a espera do Destino futuro, que não seja este presente.
Esperaremos sempre, e nunca o veremos chegar.




"Irrecuperavelmente tolos,
passaremos os dias imaginando a chegada do Destino.
Até o dia, que um lampejo de sabedoria nos mostre,
que o falacioso Destino nos acompanhou a queima-roupa,
todo o tempo presente e eternamente,
mas, como resultado do outro que fomos antes.