O que se deve esperar de um amor?
Não saberia...
Nunca!
A garota olhava a janela, sem atenção mesmo...
Dentro dela, fervilhavam idéias.
Tinha tido um vislumbre de romance...
Achava que era amor,
aquela vontade de estar junto,
sentir o coração bater mais forte, as mãos frias, os pés incertos...
sentir o coração bater mais forte, as mãos frias, os pés incertos...
Sim, estava amando!
Com certeza tinha havido algo a mais naquela troca de olhares tão rápida...
Da sua janela, podia ver o tempo passar lentamente, sob as rodas dos carros apressados...
Sua juventude acompanhava os carros!
Poderia então levantar as colunas do que seria sua grande história...
Poderia então levantar as colunas do que seria sua grande história...
E enveredou-se por completo...
Um dia, ao terminar seu amor-arranha-céu,
teve o ímpeto de descer, e contemplá-lo...
Não havia escadas...
Lá em baixo, tudo havia tornado-se delírio...
Os ruídos dos fatos, chegavam a ela baixos, quase sussurros do tempo...
A noção de tempo dela havia ruído, junto com a realidade que pôde vivenciar um dia...
"-As nuvens não são para humanos",
lhe resmungou o céu...
Mas havia se afeiçoado àquilo tudo,
e ao seu arranha-céu tão grande, e sem escadas...
Vazio, vazio como ela...
Seca de tantas coisas...
Suas forças, construiram todas as paredes,
seus esforços, davam liga ao concreto das crenças depositadas...
Já estava exaurida, e muito só.
Chegou-se ao para-peito, e olhou o chão...
Estava tão longe...
Não tinha o chão, nem totalmente o céu...
Nem ao menos asas tinha...
Cedeu!
Havia se enganado, decerto...
Deixou o a firmeza do vento tomá-la por completo,
e num impeto auspicioso,
deu-se ao ar!
Pode ver as nuvens distanciarem-se,
e seu prédio tornar-se uma dura realidade...
Nunca havia sido um sonho...
Fechou os olhos!
Depois, nada mais sentiu...
Alguém olhou-a estatelada, e não entendeu... Prosseguiu...
Nada mais...
O prédio ficou lá,
incompleto,
como a vida dela...
PS: Eu e essa mania de escrever na terceira pessoa...
é como se visse um espelho dinâmico de tudo que me incomoda...
Sobrepõe-me!
Acabo sendo eu no espelho, no meu pior ponto-de-vista...
Acabo eu sendo a terceira pessoa intrinseca,
Acabo eu sendo a terceira pessoa intrinseca,
e a voz do personagem intruso uma acusação...