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as lágrimas fervem detrás das pálpebras cansadas...
meu coração explode em soluços silenciosos,
e um bolo de comida mal digerida e loucura
tapa a garganta dilatada...
sim, minha voz silenciou-se,
e meu rosto desesperado, queima de febre e delírio...
minhas costas pesam de responsabilidade...
meus ossos há pouco formados não têm sustentação para tantos anos exigidos...
e sinto-me cair...
o chão agora parece tão próximo...
o horizonte desaparece devagar, á medida que as pedras do caminho se tornam mais sólidas...
teria o vento me derrubado, ou não consigo suportar a cruz?
da responsabilidade, do medo, dos elogios, das cobranças, das esperanças depositadas...
meu Deus, o getsêmani éh mais escuro do que imaginei...
não sei se estou preparada para tudo isso...
meu suor respinga na terra, como as gotas da chuva que não ocorreu,
e o cheiro da terra chega às narinas...
que aberração...sempre imaginei que suportaria qualquer coisa,
que estava preparada para tudo...
que engano!!!!
e mais uma vez vou me levantando...
mais uma vez, tenho de seguir anexando as responsabilidades...
que aos poucos vão enchendo, enchendo...
até não restarem mais espaços....
talvez, tarde demais, meu coração exploda de tristeza...
uma tristeza mais doída que a que sinto agora!
sinto uma tontura, uma náusea absurda...
as mãos ainda espalmadas ao chão,
tateando à procura de apoio, de razão, de solidez,
de amor???
a liberdade é apenas um nome...
porque até agora só conheço a razão...
esta que causa uma indigestão tão grande,
a razão, que prende-se à goela,
travando a garganta das palavras profundas do ser...
tão superficiais parecem os grunidos,
que do abrismo da garganta saem, cheios de antropofagismo, canibalismo...
e o verdadeiro sentimento vai dissolvendo-se na circulação,
chegando infecciosas aos tecidos, até de uma vez cair com o rosto ao chão...
misturo-me à terra...
a terra que viu todas as coisas serem formadas,
e misturada ao pó, e ao suor,
ergo-me
sem saber se realmente estou preparada para o resto do caminho...
sinto apenas na circulação, o veneno do meu proprio ego...
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