sábado, 22 de novembro de 2008

a dor da razão icrustada...


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as lágrimas fervem detrás das pálpebras cansadas...
meu coração explode em soluços silenciosos,
e um bolo de comida mal digerida e loucura
tapa a garganta dilatada...
sim, minha voz silenciou-se,
e meu rosto desesperado, queima de febre e delírio...
minhas costas pesam de responsabilidade...
meus ossos há pouco formados não têm sustentação para tantos anos exigidos...
e sinto-me cair...
o chão agora parece tão próximo...
o horizonte desaparece devagar, á medida que as pedras do caminho se tornam mais sólidas...
teria o vento me derrubado, ou não consigo suportar a cruz?
da responsabilidade, do medo, dos elogios, das cobranças, das esperanças depositadas...
meu Deus, o getsêmani éh mais escuro do que imaginei...
não sei se estou preparada para tudo isso...
meu suor respinga na terra, como as gotas da chuva que não ocorreu,
e o cheiro da terra chega às narinas...
que aberração...sempre imaginei que suportaria qualquer coisa,
que estava preparada para tudo...
que engano!!!!
e mais uma vez vou me levantando...
mais uma vez, tenho de seguir anexando as responsabilidades...
que aos poucos vão enchendo, enchendo...
até não restarem mais espaços....
talvez, tarde demais, meu coração exploda de tristeza...
uma tristeza mais doída que a que sinto agora!
sinto uma tontura, uma náusea absurda...
as mãos ainda espalmadas ao chão,
tateando à procura de apoio, de razão, de solidez,
de amor???
a liberdade é apenas um nome...
porque até agora só conheço a razão...
esta que causa uma indigestão tão grande,
a razão, que prende-se à goela,
travando a garganta das palavras profundas do ser...
tão superficiais parecem os grunidos,
que do abrismo da garganta saem, cheios de antropofagismo, canibalismo...
e o verdadeiro sentimento vai dissolvendo-se na circulação,
chegando infecciosas aos tecidos, até de uma vez cair com o rosto ao chão...
misturo-me à terra...
a terra que viu todas as coisas serem formadas,
e misturada ao pó, e ao suor,
ergo-me
sem saber se realmente estou preparada para o resto do caminho...
sinto apenas na circulação, o veneno do meu proprio ego...

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3 comentários:

Beta Profice disse...

"...sempre imaginei que suportaria qualquer coisa,
que estava preparada para tudo...
que engano!!!!"
Foi exatamente o que pensei após quebrar aquele cristal, agora encontro-me catando os caquinhos e tentandocolar tudo de novo...Eu não estava preparada pra quebrar, nem estou pra consetar mas, nãoconsigo fazer diferente!
Sinto-me tão aliviada em desabafar com vc, sabia?Assim...Por quase nada...
Beijos*

Anônimo disse...

Voce faz uma combinação muita massa, imagem, palavra...
Essa imagem desse texto mesmo eu amo, acho lindo, a expressividade que ela passa...
Pelo jeito vou ficar sempre aqui comentando, rsrs.
bJos

Anônimo disse...

Nossa, Nine, esse texto realmente se assemelha com o meu momento. E, peço a você autorização para pô-lo em meu blog. Muito obrigada pelo que me escreveu. Saber que eu não sou a única me alivia um pouco. Tudo que me aconteceu, me faz sentir vontade de mudar tudo o que não fiz, na verdade, pq me reprimi demais e o pior é que me acostumei a ser assim. Quero mudar isso pois essa é minha vontade. Já tenho conversado com minha mãe e ela tem sido mais maleável. As coisas passam e tenho certeza de que tanto pra mim quanto pra você isso vai passar. Meu amor já tinha me falado que nada mudará com essa minha nova idade e tudo o que vc me disse. Muito obrigada, florzinha, me ajudou bastante. Saiba que pode contar comigo viu? Mesmo assim, virtualmente. Quem sabe?

Xêro