quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Castelo Arranha-céu


Não seria sempre princesa,
Nem sabia se o era.
Torres altas nada diziam de genealogias!
De lá,
O céu próximo era um convite para o vôo, em manhãs claras,
E um coral para sua solidão, nas horas de chuva...
Nada dizia, nada!
Nem os pássaros voavam tão alto.
Nem ela lembrava como ali havia chegado...
Mas era triste, triste, a princesa,
Sozinha, enclausurada...
Sua tristeza ecoava,
Tranqüila, tranqüila,
Sem impedimentos...
Só tinha os próprios pensamentos
Num castelo imenso, imenso
Protegido por longos muros de pedra...

Sua dor se derramava, sobre as colinas distantes
Era o choro dela, da cor do arco-íris...
Mas que cores entristecem os montes?
Ela não sabia.
Nem queria...
Só chorava, solitária,
Em sua torre isolada.
O azul do céu próximo,
desdenhava sua alvura confinada,
E ainda distinguia seu sorriso triste, das nuvens...
Mas se sentia sozinha, sozinha a princesa,
Seu coração doía.
Suas batidas serenas, serenas,
ecoavam sem impedimentos
Na torre vazia.
Só tinha o próprio consolo
Num castelo imenso, imenso
Protegido por longos muros de pedra...

Ah, pobre princesa,
Ninguém sabia o nome dela,
Princesa sem corte, sem súditos, sem príncipe encantado...
De pouco, seus olhos viraram espelhos, e ela era o reflexo de suas paredes puídas...
Não lembrava mais a própria voz,
Nem reconhecia as palavras
A última poesia havia morrido de sua memória.
Sentou-se calada, calada,
Quase muda:
A boca preenchida de silêncio.

A princesa do castelo arranha céu,
Esquecida, inerte, como espelho.
Reflete as paredes de pedra lavrada,
Cimentada de concreto, e óleo de baleia.
Na sua torre protegida e solitária,
Definha suas últimas considerações de vida.
Ela continua sozinha, sozinha,
Tem apenas a própria solidão,
Ou mesmo a sua própria presença insignificante
Naquele castelo imenso, imenso,
Protegido por longos muros de pedra,
Construído com suas próprias mãos.

9 comentários:

Débora A. disse...

Bravo!!!
Lindíssimo nine!
amo suas poesias instigantes...
bjaummm migaaaaaa...

Luíze Tavares disse...

Sabe, Nine, já me senti assim... ainda mais porque moro no último andar. Sentia-me exatamente assim como descrevem suas palavras. Mas, um dia, quando mens esperei, surgiu meu príncipe e tudo mudou.

beijão

♥Lilinha♥ disse...

Pois é...
o principe aparece para tds... ou naum kkkk... no meu caso apareceu, mas virtualmente =/

bjinhuus

Rayza Santiago disse...

com suas proprias mãos.

texto lindissimo, mtu bem escrito e cheio de uma coisa que eu to estudando agora : figuras sintáticas. no teu texto achei anadiplose, circunlóquio, e epizeuxe é o que mais tem. lindo lindo.

amai.

beijos.

Michelle Corazza disse...

Ma-ra-vi-lho-so o texto!
Lindo mesmo. Amei.


beijoo
Michelle

Anônimo disse...

:* meu treinzim.

ERICK MOURA disse...

Bem, desculpe a invasão, sou amigo de Ray, entrei no teu blog e logo de cara gostei.
Os textos são muito bons. Desculpe-me, mas já vou ficar como seguidor :]
Abraço, Erick Moura

Levi disse...

Cara, gostei demais desse!
Me lembrou um pouco poemas de um dos meus autores favoritos, o Tolkien. Poemas meio temporais, não muito abstratos!
Parabéns

Mamello disse...

Olá princesa!

Não vim num cavalo branco, nem tampouco tenho ares de príncipe...rs!



Mas jogue suas tranças e deixe o Sol entrar...esse sim tem o ar majestoso!


(Desculpa a demora em vir aqui - mas a distância não fez diminuir o carinho que tenho por ti e suas palavras tão bem trabalhadas)

Ainda na correria da mono...

Bjo do MM.
=*