quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Conto Narrador-Personagem na terceira pessoa [5]


" E o meu, poesia de cego, você não pode ver..."

Por mais que tentasse falar, mantinha-se calada, enquanto fitava a parede vazia.
Esta era a sua única companhia ultimamente, e daí?
Não entendia a necessidade que vinha de dentro de dizer que não estava sozinha,
que tinha a si mesma como companhia, e não precisava da parede branca, só para desaforar.
No entanto, era verdade que toda a dialética muda da poética parede inerte a inebriava.
Era comum ver-se concentrada na expansão do vazio que a fitava, branco e infinito do plano da parede.
- Eu não estou sozinha, porque o teu vazio me absorve, e me enche de uma solidão branca consentida. Aí então, eu me vejo parada, sendo o que és, e a partir deste momento, passamos a existir como um algo único e infinito. Somos parte de um todo dinâmico, que quase não existe, porque se baseia em vazios. Deixamos de ser, e passamos a coexistir com a não existência. Tornamo-nos nada, e o que não existe, não é só!
A parede convenceu-se, e deixou de arrogá-la. Tornou-se mais silenciosa que antes, deixando a moça em companhia do próprio silêncio.
A partir daí, do desprezo que começou a receber da parede, tornou-se dolorosamente só!

7 comentários:

Luan Fernando disse...

Eu sou uma pessoa que acho que todo momento tem seu valor, sempre podemos aprender, até nas situações mais vazias. Basta querer, basta ter vontade.

Beijos.

Maria Midlej disse...

Nossa, profundo. Como tudo o que eu leio aqui e fico sem jeito de comentar meus comentários bobos e vazios. rs Mas eu gostei muito, rs Entrei nesse ''quarto'' vazio e aguardei o que viria rs

Nine, que comentário mais bonito esse teu no blog. Acho que precisamos marcar pra saciar nossa paixão por Heinekens, cara. haha

beijão

Lucas C. Marinho disse...

Aaaah véi! Esse eu curti, visse!
Beijo, Cabeça!

MissUniversoPróprio disse...

No entanto, a solidão independe de estarmos ou não fisicamente sozinhas. Por vezes, há uma multidão ao redor, e a solidão nos consome.
Por outras, estamos sós, e a solidão é nossa melhor companhia. Tudo só depende de nós.

Beijos e obrigada pela visita! ;)

Fernanda Tavares disse...

lindo o blog...

volto mais vezes! :**

Bih Lima disse...

Adorei o texto!
Beijos

Thaís Santos disse...

Eu, vira e mexe sou companheira do silêncio. Gosto dele, confesso. Gostei de cada linha escrita no texto, lindo, de fato c: