A volta para casa, é sempre uma nostalgia,
daquelas que chegam a nos causar sono.
Cada cheiro, remota lembranças adormecidas,
nalgum lugar da mente atarefada.
Minha sensação sempre,
é que colocando os pés em casa,
todos os meus problemas vão sumir,
desaparecer,
e poderei ser, mais uma vez, a criança livre que corria pela casa.
Mas,
quando chego de fato,
e vejo-me confrontada com tudo que fui,
ou tentei ser,
entristeço-me.
Talvez, por não ser mais como era antes,
e sinto culpa,
por não ter mais vontade de mudar.
E dilacero-me em maldizeres, por ter de esconder o olhar
que agora tenho,
pintando de branco o carmim das opiniões.
Minha alma ainda é inteira,
embora minha mente não,
e enlouqueça com as dúvidas que brotam
do conhecimento que se enraiza...
Acaba, que por fim,
meus olhos avistam novamente a estrada,
e a nostalgia passa,
minha casa será novamente saudade,
e os problemas adormecerão, fatigados com a minha falta de tempo.
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Ah, o cheiro de casa,
o aconchego que parece abraço,
o conforto que me falta,
em meio à correria e falta de tempo.
A vontade de ficar,
e ser embrião de novo,
no lar,
construindo sonhos,
e fazendo planos de futuro...
A vontade de não partir,
de permanecer com o tempo parado,
sentindo o vento do ventilador,
que enche o vazio das tardes com gosto de doce.
A vida era mais fácil em casa,
com todas as suas regras,
e paradigmas,
quando a preocupação era ser somente o que se era esperado,
e calar as verdades proibidas.
Dá vontade de correr pela casa de novo,
tomar bronca por ter molhado o banheiro,
ou não ter lavado os pratos,
para assistir TV.
Agora,
a casa é só saudade,
quando me vejo novamente na estrada,
e todos os desafios me esperando depois do horizonte.
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PS:
Desculpem-me a demora para escrever. Estava fugindo deste momento.
Minto! Tentei ainda, digitar algumas coisas, que me pareceram sem sentido.
Eu fugia disso: de ter de confrontar-me com as coisas que me causam medo, e ainda, com a poética que parece esconder-se de mim a cada momento.
Fiz esses dois textos, mas coloco-os com receios... Digitei-os, e não analizei muito a estrutura, ou a gramática. Nada! Se fosse fazer isso, não os colocaria, e deixaria para amanhã a tarefa árdua e torturante de tentar escrever alguma coisa. Outro dia passei 3 h olhando para a tela do computador, sem coragem nenhuma de iniciar um texto (talvez seja um eufemismo, e eu estivesse mesmo era com medo de assumir o que tenho a dizer).
Sabe, amor,
tenho saudades do tempo que tinha certeza do que significavas.
Agora, tiro o luto do amor que adormeceu,
definhou até a morte,
e morreu levando minha poética mole e superficial.
Senti o medo, senti a dor da perca,
da despedida,
da partida,
das palavras que não foram ditas,
e os esclarecimentos que não passaram de pensamentos.
Agora, tenho alegria nas tardes,
e no pôr-do-sol que anelávamos,
e lembro com carinho das histórias que nos guardavam dos perigos.
Meu coração, agora,
se liberta, da lembrança,
e embarca na nova aventura que o amor lhe presenteou.
Com muitos medos, claro,
e não sem lutar contra,
sem se debater,sem se proteger,
mas foi tomado, se rendeu,
e pode ainda ter alegrias, esperança...
Agora, amor,
deixo-o com as saudades,
e com a lista das coisas que queríamos fazer,
com os planos,
com o que construímos sutilmente...
Vou VIVER meu devaneio!!!
(talvez fosse isso...)